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Histórico Antigo do Povo Omágua (Kambeba) de São Paulo de Olivença

Partindo do pressuposto de que todo o território do Alto Solimões era habitado pelo povo Omágua (Uawa, que significa povo da água - o U(y) quer dizer água e asa quer dizer dizer “povo” na lingua materna). Este território se estendia desde médio Solimões (aldeias de maxiifaro) e subia o rio passando pelo Alto Solimões aldeias de Aparia grande, continuava a subir o rio para a área de cima no rio Napo, passando por várias aldeias, já no atual país do Peru. O povo tradicional Omágua dominava todo esse território Amazônico, eram vistos pelos viajantes como um povo desenvolvido e considerados como um povo estrategista, que construíam seus próprios utensílios de pescar, caçar e matérias domésticos, principalmente as suas vestes de fio de algodão, tecido cultivado por eles próprios nas várzeas e ilhas.


Nesse contexto, é de suma importância enfatizar que todo o municipio de São Paulo de Olivença é um verdadeiro sítio arqueológico com vestígios (urnas funerárias) deixados pelos ancestrais do povo Omágua, conhecido nos dias de hoje como Kambeba. Ressaltamos que todo o solo Paulivense está repleto desses artefatos históricos, de diferentes formatos, com grafismos e sem grafismos. Estes artefatos fazem saber que as casas, ruas praças, escolas, igrejas, enfim, tudo, está construído sobre um patrimônio de valor histórico e cultural para esse povo. Também enfatizamos que hoje, a região onde estão localizados os Municípios no Alto Solimões foram, no passado as primeiras grandes aldeias, como é o caso de São Paulo de OlivençA, chamada antigamente aldeia Tawau (y) (significa “terra ou cidade dos águas). Muitos chamam esta região, em língua nativa, de Tawaru, acrescentando a letra “r”. Região esta que se estendia até as proximidades da atual comunidade Kambeba do Tupi II, chamada na época da chegada da igreja de São Pedro a poucas léguas acima de onde está a atual sede do municipio, Provincia dos Omágua (Kambeba) nos dias atuais.


Diante dos fatos em evidência, é necessário informar à população Paulivense e, de modo geral, a todos que, apesar dos massacres vividos no passado esse povo ainda existe e está cada vez mais se fortalecendo ao longo do tempo.


Por muitas décadas, esse povo passou despercebido, como uma estratégia de fuga para escapar e sobreviver dos massacres e de outros acontecimentos vividos no passado como torturas, invasões espanholas e portuguesas, doenças e catequizações.


Crueldades que os fizeram passar por vários processos de fuga, alterando sua verdadeira idade de índio Omágua ou Umágua (que significa “povo da água”). Enfatizamos na pronuncia da palavra Omágua, a mesma sofreu variação na pronúncia, que é viável que isso ocorra através do tempo, no passado se pronunciava o certo seria Uawa (que significa povo da água - ata na língua Kambeba significa “povo” e a letra u significa “água”). Este nome foi atribuído ao grupo indígena Omágua pelo fato de terem o domínio das águas e também devido a esses indivíduos terem surgido principalmente desse líquido. Usou-se muito a expressão “encarnada” para a cor vermelha devido a crença Omágua de que a água quando entranhada no corpo da Muyra Tanimbuka (madeira) se purificou em sangue, dando vida ao índio Kambeba, segundo sua história.


Nesse contexto, como forma de sobrevivência – segundo memórias de Maria Robertina da Silva de 99 anos (hoje já falecida), moradora tradicional da foz do Ajatatuba, ponta da comunidade Santa Terezinha deste município - um dos fatores que levou esse povo a deixar de praticar o ritual de achatamento da cabeça foi a imposição da igreja que espalhou no território do Alto Amazonas os seus missionários e demais cristãos para assim catequizá-los.


Em outra versão - contada pelo idoso Aurino Rabelo Lucas de 85 anos - relata-se que, durante esse processo, aconteceram muitos casos, em que ainda que houvesse resistência por parte dos indígenas, os fatos levaram a redução deste povo visto antes como numeroso. Eles eram conhecidos na região de Colina Alta como os água grande (u-awaçu). Segundo Alcides Cassiano, 86 anos, nesta estratégia, os sobreviventes desse povo, para preservarem suas vidas e já com um grupo bem reduzido, eles, ao encontrarem uns com os outros, se cumprimentavam na língua aynê Karuka asemu (Boa tarde, meu irmão!) e diziam entre si mesmos - ao passarem em frente a Colina Alta (monte Sagrado) hoje município de São Paulo de Olivença - “os moradores que estão nesse pequeno grupo, em cima da colina, ainda são as águas grandes que vivem neste local?”. Outro Omágua respondia “”sim, ainda são os mesmos como nós, mas estão deste jeito u-té (ou Uté), como “água pequena”, pois a palavra U(y) significa água e té numa palavra dependendo da ação da fala modifica diminuído ou diferenciando a palavra na língua Omágua Kambeba.”


Dessa forma, em decorrência de tanto sofrimento e opressão, o povo decide, por decisão própria, deixar de praticar o ritual do nascimento (kanga pewa “cabeça chata”), que era o principal ritual desse povo, para assim ficar igual aos demais índios e povos da redondeza. Desta forma, queriam confundir os inimigos que andavam a procura desses Omágua para matá-los, por serem um povo guerreiro, resistente que não se deixava dominar facilmente pelos invasores, pois tinham suas próprias autonomias, defendiam sua forma tradicional de governar, e lutavam bravamente em defesa de seus territórios e usavam como demarcação de suas terras a cabeça dos inimigos.


Nesse contexto, esses povos originários Omágua bravos foram dados como extintos e conseguiram sobreviver e preservar suas raízes, passando a ter vários nomes como esses que iremos abordar. No Século XVIII, foram chamados de Jurimagua. Frisando com toda segurança para justificar esse fato, segundo Regina Neves de Souza ouviu de seus ancestrais que os Omágua se dividiam em dois grupos: os que viviam nas Ilhas eram chamados de os mais desenvolvidos por serem menos bravos e vaidosos, eram um pouco passivos, pele clara, olhos castanhos e mantinham contatos com outros povos negociando a troca de objetos, isto é, faziam um tipo de comércio, plantavam, construíam seus vestimentas do algodão, produziam ótimas cerâmicas, entre outros tipos de atividades. Devido a estes fatores, eram reconhecidos como os Omágua, Awa ou Aweté, que significa “as águas grandes verdadeirinhos”.


Outro grupo dos Omágua vivia nas terras firmes, descendentes da linhagem de witchicu (carnívoro), um dos primitivos dessa geração de selvagem que viviam excluídos da sociedade desses Omágua das várzeas. Formavam um grupo que não se acostumava com ninguém, nem entre si próprios, esse local era considerado um tipo de subúrbio da época de hoje; eram bravos, selvagens, de peles escuras e não gostavam dos Omágua considerados verdadeiro, esses se alimentavam de frutos silvestres e animais, não sabiam plantar e, nas brigas, ao matarem o adversário, comiam carne humana desse indivíduo. Também nas lutas entre si próprios, ao matar uns aos outros, esses mortos serviam como alimentos para quem os matou e ao seu grupo.


Era costume desses bravos usarem cabelos longos, colares de dentes de pessoas e animais selvagens, gostavam de exibir, para demarcar seu território, a cabeça dos mortos em combate para enfeitas suas casas, a modo de informar que os mesmos tinham poder; quase não se vestiam, usavam como vestimentas peles de animais, pintavam-se ao redor da boca ao se alimentar da carne do inimigo para mostrar à tribo que os mesmos eram perigosos e também como modo de informar a qual grupo eles pertenciam, sendo os carniceiros, ou melhor, os de geração de urubus, conhecidos pelos antigos da redondeza como os boca suja, devido ao fato cultural que eles tinham de devorar uns aos outros sempre em bandos.


Segundo os ancestrais que entrevistei, eles eram chamados também no território peruano de boca negra. Como a letra j não faz parte do alfabeto Omágua, a mesma, nesta palavra, Jurimagua, está substituindo a letra y da palavra yuri, pela forma que eles tinham de cultivar e desenvolver seus trabalhos em ajuri ou bando.


Consideramos que a palavra Jurimagua sofre a influência da língua portuguesa, a forma correta seria Yuriagua que significa – lendo de trás para frente como é costume desse povo – “água e ajuri”, que teria o significado de os águas (que classifica o povo Omágua) e ajuri (que deriva de trabalho em conjunto, devido a este povo sempre trabalhar em união ou mutirão).


A mesma forma serve para este outro nome que lhes foi atribuído como Yurimã (os que usam veneno mortal) que seria os mesmos Yurimagua confundidos pelos navegantes como sendo um outro povo já, caracterizado anteriormente pelo fato de seus costumes de atividades sempre em grupos, bandos chamados de yuri itá kua pu que significa “muitas mãos deles no ajuri/muitas mãos que se ajudam”, pela forma de união de sempre ajudarem uns aos outros no combate e nas atividades do grupo. Neste impasse de trocas de nomes, temos como realidade local o nome Solimões, que é o rio que passa em frente ao município que estamos historicamente mencionando. Este nome foi direcionado aos Omágua devido aos relatos que iremos abordar mais abaixo.


Segundo os anciões com que conversamos, o significado do rio Solimões vem de leões, a palavra correta seria Soliões, pois foi desta forma que esse povo Omágua foi visto pelos espanhóis e viajantes, como leões. Os europeus temiam passar pelo rio porque diziam que havia centenas de terras habitadas por esses Omágua: “às margens do rio ‘só leões’”. A letra M está acrescentada pela influência da Língua Portuguesa, em que se falava, naquela época, sobre o rio dos leões devido à agressividade e ao uso do veneno mortal em suas flechas.


Outra versão sobre o nome do rio Solimões, relaciona-o com o veneno feito de sutimã – um tipo de planta usado por eles que, ao tocar na pele ou no corpo, gera bolhas comparadas às de uma queimadura, que afeta rapidamente a corrente sanguínea levando o afetado à morte -, o veneno é desenvolvido com uma técnica da ciência particular própria do povo Omágua e utiliza também o leite do sapo bacururu, serpentes venenosas, escorpiões, “lacraias” e leite da planta assacu “significa esquenta, queima e mata”. Nas lutas com os inimigos, eles possuíam a mesma forma de ataque dos leões levando o inimigo à morte e furando o agredido no pescoço o que consideravam como o “sangramento da presa”.


Era possível dar as carcaças dos mortos no combate aos grupos do Urubus, que devoravam estes cadáveres, devido ao pacto do “faro” consumado com esse pássaro no ritual do nascimento para o menino homem ser um bom caçador.


Entre os Omágua atuais, existe ainda outra versão para o nome Solimões. As memórias vivas acima mencionadas ressaltam que ouviram de seus ancestraisque esse território onde está localizado este Município de São Paulo de Olivença e demais localidades da redondeza, antes do Tratado de Madrid, que dividiu este território, este lugar fazia parte do País estrangeiro do Peru. O nome solis vem da moeda peruana que neste local circulava, um tipo de dinheiro usado pelos leões, na venda dos seus produtos, nome este dado aos Omáguas. Então, juntando-se à palavra solis, que representa a moeda e leões, o povo acrescentou a letra “m” com o passar dos tempos, conforme o linguajar dos viajantes, e foi desta forma que surgiu a palavra Solimões nos tempos mais recentes e assim o chamam.


Os Tupi também foi um nome usado para os Omágua, pela visão que os viajantes tinham do povo. Ao lhes encontrarem, foram bastante admirados por suas belezas e por serem um povo muito elevado, que gostava de contar fatos, piadas e adivinhações. Nossas memórias vivas contam que esse fato fez com que fossem chamados de awai (homem pequeno) também chamados de Tupy, ou melhor (Tupi ou Turi que no diminutivo significa Deuszinho), comparando-os com um povo travesso que tinha sabedoria própria, considerados pelos navegantes como um povo mais bem desenvolvido da região, como os filhos de Tupã (Deus) e comparando a sabedoria dos mesmos herdados de Deus.


Ainda segundo as nossas memórias vivas, por esse Desenvolvimento nas técnicas que lhes favoreciam, como ter seu próprio meio de comunicação (usando como escrita os grafismos), modo de fazer suas roupas do fio de algodão tecido, magia de transformar a madeira em transporte (canoa), utensílios de caçar e pescar, construíam utensílios domésticos da matéria prima (o barro) e o jeito único de armazenamento dos alimentos e o enterro dos corpos dos seus mortos em urnas funerárias; por isso foram chamados de Tupi awai (homenzinhos que surgiram do Deus), nome herdado dos seus Deuses, um apelido da cosmologia do espirito brincalhão da cultura Omágua, chamado também de “assanhado”, que se atreve a fazer as pessoas rirem, ser e fazer coisas engraçadas ou impossíveis com semelhanças aos conhecimentos herdado de Tururukari, o Deus dos Omágua o Supremo.


Outro apelido posto nos Omágua nesse local foi Passés. Os Omágua boca suja das terras firmes, após a sua diminuição devido aos conflitos, doenças e guerras com os portugueses e espanhóis, foram obrigados a se render e se adaptar aos modos dos outros.


Omágua das terras firmes para sobreviver, tiveram que acompanhar a evolução do tempo, aos poucos, se juntaram com os Omáguas das Ilhas, os verdadeiros, que também precisavam de mão de obra para os trabalhos e combates, pois nas guerras havia também reduzido sua população, esses que sabiam plantar, caçar, pescar, entre outras atividades. Ao incorporar nesse grupo, os terras firmes que aceitaram se juntar ao grupo dos das Ilhas foram exercendo e aprendendo alguns modos desses membros que se agregaram nas famílias como xerimbabos ou empregados e foi nesse momento que foram chamados de Paru’awa’se (paruara, significa meu povo selvagem que aprende) pelos Omágua verdadeiros. Esses indivíduos viviam no Paranã Paá (significa rio torto), outro fato diz que viviam também escondidos em pequenos grupos nas aldeias como Katuria, (bom para mim e para ele), Kara-rua (rosto de folha) e outras. Para esclarecer este assunto, ressaltamos que toda vez que este grupo antigo do Parawase ou Paáwase vinha desse local para Uté “aguazinha”, atual sede de São Paulo de Olivença, eram admirados pelos nativos oriundos do local de Akariwazau’u que significa (a-eu, kariwa-chefe, zau-grande, u(y)-água). “Zau” também indica lugar ou quantidade, hoje atual Santa Terezinha nome trocado pela influência do catolicismo. Eram admirados devido seu modo de caminhar sempre com os passos largos e fortes pisando firme com a ponta dos pés na terra, quase correndo, fazendo ruído como uma batida de tambor.


Segundo a memória de Francisca Herman Seabra Braga, 76 anos, já falecida e ex-moradora do lugar denominado Paásé (significa um lugar paá-torto-sé-meu), na zona rural deste Município, o motivo deles pisarem forte, quase correndo, era devido ao medo e uma crença deles sobre a doença de varicela, que devastou e matou quase toda a população Omágua. Segundo ela ouviu de seus avós, eles acreditavam que o mal da Bexiga, como era conhecida a doença da varíola, entrava pelo solado dos pés e tomava todo o corpo.


Val frisar que, no decorrer dos anos de 1930, com a chegada da exploração da borracha, houve modificação nessa área do Paásé – que, segundo os antigos, são os mesmos Omágua que ali estavam estrategicamente disfarçados para não serem reconhecidos pelos inimigos. Então essas terras foram habitadas por pessoas de outras localidades ou estados, que com ajuda do governo do estado, documentaram essas terras com documentos de posse para essas famílias que iriam trabalhar com plantios de canaviais e desenvolvimento dos seus derivados nos engenhos e alambiques produção de açúcar, mel, cachaça e outros produtos da cana de açúcar. Eles também cultivavam a terra para a agricultura e faziam grandes pescarias, residiam e viviam nas margens do Rio Solimões, nos lugares chamado por eles na língua portuguesa de Passé e São Luiz dos Passé. No meio, entre as duas comunidades, ficava alojada a família dos Santana, que tinha vindo do Ceará e trabalhavam com ferragem, produzia terçados, facas, machados e outros. Com o passar dos anos, estes imigrantes se mudaram para sede desse Município em busca de estudos para seus filhos outros meios de vida. Então esse lugar denominado por eles de Passé, que se estendia até São Francisco do Passé, devido à evasão deles para sede de São Paulo de Olivença, este lugar ficou vazio e passou a ser habitado em 1970 novamente pelo povo Kambeba que retoma as suas terras e hoje dentro dessa área tem 04 comunidades Kambeba, são reconhecidas no sistema da organização dos Kambeba do Alto Solimões-OKAS, que estão frequentemente enfrentando vários desafios com os tais herdeiros dessas terras que por possuir documentos de aforamento definitivo dado antigamente pelo estado para exploração da borracha, vivem em estados de conflitos como é o caso das comunidades Kambeba de Monte Tabor, São José do Passé, São Tomás e outras.


Ainda nesse contexto de mudança de identidade para se preservar dos inimigos, o último nome a ser adotado por esse povo Omágua foi o de Caboclo Amazonense. No ensejo dos nordestinos e de outros imigrantes no século XX, os Omágua, para se livrarem de vez dos inimigos, passam a ser chamados de Caboclos. Sendo assim, quando pessoas curiosas de outros lugares perguntavam se eles eram índios, eles respondiam “não, somos caboclos” – um tipo de pessoa miscigenada, que não sabe sua origem certa – tendo esta como a melhor forma de se preservar e confundir com os homens brancos.


Passando algum tempo, essa versão de se esconder muda totalmente pelos Omágua, no século XXI, quando esse povo Omágua já estava mais fortalecido com pessoas do seu povo com estudos elevados conhecendo a escrita e a leitura da língua portuguesa, tendo o amparo legal das leis da Constituição Federal de 1988, eles voltaram aos poucos a se afirmar novamente como Omágua porque já podiam lutar para recuperar todos os seus direitos, inclusive suas terras. Essa autoafirmação não agradou muitos não indígenas, e até mesmo alguns povos indígenas da região. Então, começa a árdua luta para o autoreconhecimento desse povo Omágua em São Paulo de Olivença.


Ressaltamos que todos esses nomes acima citados foram adotados ou postos nos Omágua, hoje conhecidos como Kambeba, com o intuito de preservar suas origens, numa estratégia de sobrevivência. Para corroborar esses fatos, pontoamos onde esses povos originários e tradicionais, podem estar presentes nesse início do século XXI e suas localidades no Alto Solimões:


a) No Município de São Paulo de Olivença: lugar onde estamos historicamente mencionados, na zona urbana e zona rural;

b) No município de Tabatinga e Benjamin Constant: zona urbana;

c) Município de Amaturá: zona urbana e rural;

d) Município de Santo Antônio do Iça: aldeia Três Corações de Jesus no rio Itú;

e) No Município de Tonantins: zona urbana;

f) No Município de Jutaí: zona urbana;

g) Médio Solimões: em todos os municípios, Tefé, Coarí e Manacapuru e outros;

h) Estão ainda presentes no rio Cuieras, aldeia Tururukariuka e na aldeia Três Unidos, e na capital de Manaus.


Enfatizamos que, em outros lugares do Amazonas, estão esparsos dentro das cidades e municípios, com o nome posto pelos Portugueses como Kambeba, que significa cabeça chata (kãga “cabeça” e pewa “chata”). Apelido dado devido ao costume passado que eles tinham de achatarem as cabeças dos recém-nascidos no ritual do nascimento.


Nos dias atuais, mesmo eles se afirmando com toda segurança como povo Kambeba, ainda há pessoas e órgãos que lhes negam os direitos sociais, ressaltam em seus argumentos que os direitos destinados para os indígenas não lhes convêm, pois o consideram como povo civilizado. Vale frisar com grande indignação que sempre esse povo foi um dos mais desenvolvidos da grande época passada, cabendo apenas aos órgãos da atualidade reverem seus conceitos e reciclarem seus funcionários, para quem possam lidar com essa clientela modernizada nos tempos atuais. Contextualizando o argumento desses órgãos, que desconhecem esses direitos, lhes digo que a civilização nada mais é do que um povo civilizado, integrado a algum grupo é o mesmo que desenvolvido, com o dom do conhecimento, portanto respeitar e conhecer a história do povo Omágua é mais que necessário, é preciso.


Enfatizo que, no caminhar para o futuro, desejamos que as autoridades de todas as esferas governamentais reconheçam o esforço desse povo para sobreviver, e promovam meios que facilitem seu convício para seu bem-estar como uma sociedade tradicional. Que esses mecanismos façam o povo Omágua Kambeba superar toda perda, angústia e desespero vividos por seus ancestrais no passado como forma de reconhecimento por sua bravura, e para que possam, hoje, gozar de todos os direitos sociais, e assim fortalecido poder lutar por dias melhores e deste modo contar suas verdadeiras histórias.


(Capítulo do livro: Fermin, Eronilde de Souza. 2020. Mumuri kwe awauawa kãnga pewa Aparia' zaú Surimã tawã y - Memórias Vivas do Povo Omágua (Kambeba) de Aparia Grande do Solimões de São Paulo de Olivença. São Luis: UEMA/PPGCSPA.)





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